Cresceu...
Ela se lembrava que na sua imaginação de criança
toda ingênua achava legal a vida das pessoas grandes, o motivo ela não lembra
mais, talvez ela enxergasse grande demais toda aquela altura de adulto. E
torcia e retorcia para ser “um deles”, bem, hoje ela é toda crescida e não vê
nenhuma graça nisso tudo.
Dentro da cabeça dela as memórias vinham aos
montes, como enxurrada, e ela sentia tanta vontade de voltar aos tempos de
menina, na sua infância querida, junto com todas as coisas que ela esqueceu
depois que cresceu.
Ela estava ali diante do espelho, olhando para ela,
olhos semiabertos, e de repente começou a ter saudade do que ela fez, do que
ela tinha e de tudo o que ela deixou para trás. O beijo da mãe antes de dormir,
da pelada sagrada de todos os dias, dos amigos que se foram. Suspirou doído e
sentia saudade até das broncas que levara dá irmã mais velha, hoje ela entende.
Pensou, que loucura é achar que crescer é legal.
Porque cresce é ser empurrado para cima do palco sem nenhum preparo, sem nenhum
ensaio. E você cambaleia, se machuca e cai, e passa a ganhar uns corações
partido e é quando também descobre que joelho ralada é refresco perto de
algumas decepções.
Uma lágrima cai de leve do seu rosto, enquanto
sussurrou baixinho: Sinto tanta saudade de mim!
Porque aquela criança toda feliz que ria atoa,
hoje, na pele de adulta, se finge de durona, de mulher madura e toda
equilibrada, e se tranca no banheiro e derrama as suas dores em silêncio, só para
ninguém precisa saber o quanto está doendo.
E olhando ali, a imagem refletida no espelho, ela
ainda via uma criança, uma criança com ânsia de viver, correr, pular. Mais
simplesmente não podia mais, agora ela é uma ADULTA, e adultos não vacilam. Era
ocupada de mais para isso, contas a pagar, supermercado para fazer, problemas para
resolver. Quando tudo o que ela mais queria mesmo, era correr para os braços da
mãe, pedir colo, dizer que está doendo e sente medo, e só ficar ali, até tudo
passar.
Mais não podia, era adulta agora…
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